Acompanhamento Ginecológico na Gravidez
Consulta ginecológica durante a gravidez: o que esperar em cada trimestre
Preparamos um guia completo para orientar as futuras mamães sobre um dos momentos mais importantes na vida das mulheres e que exigem cuidados especiais e acompanhamento médico
Neste mês de maio, celebramos o dia das mulheres que carregam consigo o dom de gerar vidas. Apesar de geralmente ser um momento mágico, a
gravidez muda um pouco a rotina das mulheres, que agora precisam se preocupar com o próprio bem-estar e também com a saúde do filho que estão gerando. Neste texto, trazemos as principais orientações para prepará-las para a maternidade e para uma gestação tranquila e segura, sem sobressaltos!
Introdução: A importância do pré-natal
A realização do pré-natal é fundamental em termos de prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da
gestante.
Por que o acompanhamento médico é fundamental
Comparecer ao
médico regularmente possibilita a identificação de fatores de riscos para saúde, além do diagnóstico precoce em relação à saúde da mamãe e do bebê.
Diferença entre ginecologista e obstetra
A ginecologia e a obstetrícia são duas especialidades médicas fundamentais para a saúde e o bem-estar das mulheres. Enquanto a ginecologia se concentra na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças que afetam o sistema reprodutor feminino, a obstetrícia é voltada para o acompanhamento da gravidez, do parto e do
puerpério.
Juntas, essas áreas formam a ginecologia obstetrícia, ou GO, uma das especialidades mais completas da medicina. Os profissionais de GO são responsáveis por cuidar da saúde das mulheres desde a adolescência até a senilidade, promovendo um
cuidado individualizado e cuidadoso com cada uma e suas individualidades.
Consultas no primeiro trimestre (semanas 1 a 12)
O Ministério da Saúde recomenda que sejam realizadas no mínimo seis consultas de pré-natal (uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro), sendo ideal que a primeira consulta aconteça no primeiro trimestre e que, até a 34ª semana, sejam realizadas consultas mensais.
Confirmação da gravidez e primeiros exames
A descoberta da gravidez, é realizada por meio do exame Beta HCG — um hormônio produzido pelo corpo materno após o óvulo ser fecundado e implantado no útero. Ele pode ser detectado no organismo da mulher a partir do oitavo dia após a concepção, por exame de sangue ou urina.
Após a confirmação do positivo, a gestante deve fazer uma série de exames ao longo das cerca de 40 semanas de gestação. São eles:
1. Grupo sanguíneo (sistema ABO) e fator Rh.
2. Teste de Coombs indireto nas pacientes Rh negativo;
3. Hemograma Completo;
4. Teste de Urina;
5. Urocultura e antibiograma;
6. Glicemia de jejum;
7. Exame parasitológico de fezes;
8. Coleta para pesquisar Hepatite B, Toxoplasmose, HIV, Rubéola e Sífilis.
Avaliação da saúde geral da mãe
A avaliação da saúde geral da futura mamãe na gravidez é feita por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagens. São eles: exames gineco-obstétrico e das mamas (para orientação do
aleitamento materno; medida da altura uterina; e ausculta dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semana com auxílio do Sonar Doppler e após a 24ª semana, com Pinard).
Ultrassom inicial e estimativa da idade gestacional
No primeiro trimestre da gravidez, a avaliação ultrassonográfica do comprimento cabeça-nádega (CCN) é considerada o método mais preciso para estimar a idade gestacional. Enquanto o tamanho do saco gestacional pode ser medido inicialmente para essa avaliação, o CCN se mostra um indicador mais confiável.
Recomendações sobre alimentação e suplementos
Em relação aos suplementos alimentares, a dose e a recomendação devem ser prescritas por um médico ou nutricionista. É importante se atentar aos excessos, já que exagerar na dose pode trazer consequências ao organismo. No caso das proteínas, por exemplo, o exagero pode causar sobrecarga nos rins.
Consultas no segundo trimestre (semanas 13 a 26):
No segundo trimestre da gravidez, o pré-natal geralmente é mensal e o foco da consulta são exames de rotina e avaliação do desenvolvimento fetal. Leia mais a seguir.
Acompanhamento do crescimento fetal
O acompanhamento do crescimento fetal é uma parte essencial do cuidado pré-natal, ou seja, durante esse acompanhamento você irá acompanhar juntamente a um profissional se o bebê está crescendo e se desenvolvendo de maneira saudável enquanto está na sua barriga, como um “check-up” regular para o bebê antes mesmo dele nascer.
Ultrassom morfológico e determinação do sexo
Recomenda-se realizar o ultrassom morfológico entre a 11ª e a 14ª semanas, principalmente entre a 12ª e 13ª semana. O exame permite avaliar o bebê de maneira total, podendo identificar o sexo e possíveis malformações que possam estar presentes.
Controle de peso, pressão arterial e exames laboratoriais
O controle de peso, da pressão arterial e a realização de exames laboratoriais são essenciais para garantir que mamãe e bebê estejam saudáveis. A medição regular da pressão arterial e a realização de exames laboratoriais como hemograma, glicemia, função tireoidiana e sorologias infecciosas são essenciais para identificar e tratar problemas de saúde que possam surgir durante a gestação, como hipertensão gestacional e anemia. Mas, além disso, as mulheres grávidas devem tomar alguns cuidados para ter uma gestação saudável, como abordaremos a seguir.
Orientações sobre atividades físicas e bem-estar
A prática do
exercício físico regularmente pela gestante, por pelo menos 30 minutos ao dia, pode promover inúmeros benefícios, incluindo a prevenção de diabetes gestacional (DG). Essa prática também está associada à redução da incidência de sintomas indesejáveis durante a gravidez, como câimbras, edema e fadiga.
Apesar de alguns questionamentos, estudos científicos mostram que não há evidências de desfechos adversos para o feto e/ou recém-nascido (RN) com a prática física graduada entre intensidade leve e moderada. Esses mesmos tipos de exercícios também não foram relacionados, como se pensava, ao trabalho de parto pré-termo e baixo peso do recém-nascido.
Consultas no terceiro trimestre (semanas 27 a 40)
Nas suas consultas durante o terceiro trimestre, a equipe médica poderá perguntar se a gestante apresenta algum sintoma, como contrações e vazamentos de fluidos ou sangramento. Os profissionais também irão verificar a pressão arterial e o peso, além dos batimentos cardíacos e movimentos do bebê.
Preparativos para o parto e plano de nascimento
A preparação para o parto envolve questões físicas e emocionais das mamães e inclui a preparação de um documento batizado de “plano de parto”, que relata as preferências e expectativas das gestantes. Em suma, este plano detalha os desejos da gestante em relação ao ambiente, intervenções, e cuidados com o bebê durante o trabalho de parto e parto.
Confira a seguir algumas dicas para melhor se preparar para o momento do parto:
1. Busque informações: Conheça a maternidade, tenha um plano de parto;
2. Tenha pessoas de confiança por perto: amigos e familiares, acompanhante durante o parto e profissionais de saúde;
3. Realize o pré-natal;
4. Participe de conversas com outras gestantes e profissionais;
5. Pratique atividades físicas: fisioterapia pélvica
6. Mantenha uma alimentação saudável: comendo com atenção;
7. Cuide da saúde emocional;
8. Prepare o seu acompanhante e a sua rede de apoio;
9. Conhecer o seu corpo e os sinais do parto: contrações, perda do tampão mucoso, rompimento da bolsa.
Verificação da posição do bebê
Durante a gravidez, é essencial verificar a posição do bebê. Essa verificação é realizada através da palpação abdominal, ultrassom e, em alguns casos, exame
vaginal.
A posição ideal para o bebê nascer é a apresentação cefálica: quando ele está de cabeça para baixo, com a parte de trás da cabeça (occipúcio) voltada para a coluna vertebral da mãe, que é conhecida como posição occipital anterior. Essa posição facilita a passagem do bebê pelo canal do parto.
Outras posições são:
Apresentação Pélvica: o bebê está com as nádegas ou pés para baixo, o que pode dificultar ou impossibilitar o parto vaginal e pode sugerir uma cesárea.
Apresentação Transversal: o bebê está de lado, o que também geralmente leva a uma cesárea.
Apresentação Córmica: o bebê está de lado, dificultando ou impossibilitando o parto vaginal e levando à recomendação de cesárea.
Exames finais e avaliação da dilatação
Além dos exames físicos, o médico também deve solicitar alguns exames de laboratório, como o hemograma de rotina e o exame de urina. Podem ser repetidos, se necessário, os exames de hepatite B e C, toxoplasmose e doenças como a sífilis e o HIV.
Já no exame do colo do útero, verifica-se a dilatação do colo do útero em centímetros, como o diâmetro de um círculo; 10 cm é considerada completa. O apagamento é estimado em porcentagens, de zero a 100%.
Cuidados com sinais de trabalho de parto
É importante ir para o hospital quando as contrações ficarem muito fortes, durando entre 45 e 60 segundos e surgirem a cada 3 a 5 minutos. Ao longo do trabalho de parto a dor deverá ir aumentando aos poucos, mas quanto mais calma e relaxada a mulher estiver, melhor será o processo de parto.
Principais exames solicitados durante a gestação
Os exames na gravidez ajudam a avaliar a saúde da mulher e o desenvolvimento do bebê, sendo recomendado que seja feito hemograma, tipo sanguíneo, glicose em jejum, exame de urina e de fezes, exames para infecções, exame ginecológico e ultrassom. Leia a seguir sobre os principais exames:
Exame de sangue e urina
O objetivo do hemograma é fornecer informações sobre as células sanguíneas da mulher, como as hemácias, as plaquetas e os leucócitos. Deste modo, a partir do hemograma, o médico pode verificar se há infecções acontecendo e se há sinais de anemia, por exemplo.
Já o exame de urina na gravidez detecta infecções no trato urinário e alterações nos rins, além de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
Ultrassons de rotina
A rotina de ultrassom na gravidez, geralmente, inclui alguns exames importantes em diferentes fases da gestação para monitorar o desenvolvimento do bebê e identificar possíveis anomalias.
Exames específicos conforme o trimestre
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda três ultrassons durante a gravidez: um no primeiro trimestre (entre 11 e 14 semanas), um no segundo trimestre (entre 20 e 24 semanas) e um no terceiro trimestre (entre 32 e 36 semanas).
Em alguns casos, também pode ser realizado um Ultrassom com Dopler, para avaliar o fluxo sanguíneo da placenta e identificar problemas como pré-eclâmpsia e restrição de crescimento fetal.
O papel do ginecologista obstetra no bem-estar da gestante
O papel do médico obstetra é cuidar das gestantes e dos bebês que estão sendo gerados, assim como assistir às puérperas e seus recém-nascidos. E isso vai muito além de prevenir problemas. Por isso, a cada interação com a gestante, espera-se que haja empatia, compreensão e conduta respeitosa por parte do corpo clínico.
Durante o pré-natal, compete a este especialista, se tornar o guardião da gestante e do bebê. Neste sentido, o médico cumpre ainda o papel de educador, pois cabe a ele preparar a família para receber o recém-nascido.
Acompanhamento emocional e físico
Meditação, respiração profunda, yoga para gestantes e outras práticas de relaxamento ajudam a reduzir os níveis de estresse. Já os exercícios físicos leves, como caminhadas diárias ou alongamentos, promovem bem-estar físico e mental das mulheres grávidas.
Esclarecimento de dúvidas e inseguranças
As dúvidas e inseguranças durante a gravidez são comuns, principalmente para as mamães de primeira viagem. Esses questionamentos podem ser respondidos pelo ginecologista-obstétrico que acompanha o pré-natal. Outra sugestão é a participação de grupos de apoio às gestantes, onde elas podem compartilhar também as inseguranças em relação às mudanças físicas e emocionais da gravidez. Esse é um ambiente de escuta ativa onde as gestantes são compreendidas e se sentem acolhidas.
Prevenção de complicações e cuidados individualizados
Os fatores de risco na gestante são aqueles que geram vulnerabilidade em todo o período da gestação, sejam físicos, biológicos, psíquicos ou sociais. A identificação do risco deve ter início na primeira consulta de pré-natal e ser dinâmica e contínua, para que seja avaliado em cada consulta.
Consultas ginecológicas na gravidez e plano de saúde
O plano de saúde deve garantir que a gestante tenha direito a consultas regulares com o médico que a acompanhará até o parto. Esse acompanhamento é fundamental para garantir que tudo esteja ocorrendo bem durante os nove meses e para preparar a mãe para o nascimento do bebê.
O que o plano cobre no pré-natal
O
plano de saúde cobre todos os exames pré-natais? Sim, o plano de saúde é obrigado a cobrir todos os exames essenciais para o acompanhamento da gestação, como ultrassonografias e testes de glicose, conforme as normas da ANS (Agência Nacional de Saúde).
Importância de uma rede credenciada com obstetras
Uma rede credenciada com obstetras facilita o acesso das gestantes a especialistas em obstetrícia, além de oferecer um acompanhamento multidisciplinar com outros profissionais da saúde como nutricionistas, enfermeiras obstétricas (que ajudam no processo de amamentação), pediatras, entre outros.
Vantagens de ter acompanhamento completo pelo plano
Ter acompanhamento completo de um plano de saúde durante a gravidez traz inúmeros benefícios, como a garantia de consultas regulares, exames de diagnóstico, tratamento de complicações como pressão alta, por exemplo, além de suporte emocional no pré-natal, como já falamos neste artigo.
Conclusão: Gravidez tranquila começa com cuidado e informação
Além de fazer o pré-natal, as gestantes devem adotar hábitos saudáveis: uma boa
alimentação na gravidez contribui para o controle de ganho de peso materno durante o período.
As futuras mamães devem ainda ficar atentas ao esquema vacinal e cuidar da saúde mental.
Frequência das consultas e envolvimento da gestante
O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36° semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais para escolher o melhor momento de realizar uma cesárea, se for necessário.
Como o acompanhamento médico influencia na saúde do bebê
Em resumo, como falamos durante este artigo, o acompanhamento médico durante a gestação é fundamental para garantir a saúde do bebê. As consultas regulares durante o pré-natal permitem o diagnóstico precoce no caso de algum problema, além da prevenção de complicações e tratamento adequado se surgirem imprevistos.